A Pressa, a Perfeição, o Poder da Escrita e um ano de 12 Semanas


Tempo de leitura 8 Minutos

Bem vindo ao ABCDARIO!. Este é um newsletter semanal onde partilho ideas que me ajudam a agir de forma intencional e espero que também te ajudem a construir uma vida rica, saudável e de alto desempenho.


Resumo da edição

  • Feito é melhor que perfeito.
  • Como começar a escrever
  • Estou a experimentar uma nova forma de planificar o meu ano

Feito é melhor que perfeito.

A pressa é inimiga da perfeição... Se a memória não me falha, ouço esta frase desde os tempos em que estava na escola secundária.

Particularmente na Universidade, lembro-me de ter ouvido esta frase especialmente quando terminava um teste primeiro, entregava o papel e saía da sala.

No momento, o meu professor e os colegas achavam que eu soubesse tudo sobre o teste e estava muito bem preparado.

Na verdade, o resultado era apenas suficiente para passar a cadeira. O momento de entrega do teste era o momento em que o professor(a) me dizia essa frase, pois a expectativa era que, se tivesse esperado um pouco mais, teria uma nota melhor.

Eu sabia que esse não seria o caso, pois na maioria das vezes entregava o teste porque não sabia mais o que fazer e achava que o meu tempo naquele momento seria bem gasto em outras coisas mais importantes para mim.

Ao longo do tempo, alguns professores tentaram reforçar esta ideia. Uns de forma mais agressiva começaram a proibir que eu ou qualquer outro estudante saísse da sala antes de todos terminarem o teste. Assim como outras coisas que aprendi desde pequeno, achei que a repetição dessa frase e as técnicas utilizadas para coagir-me a colocar em prática a lição fossem de pequena consequência.

Na verdade, pouco a pouco essa ideia foi se enraizando na minha cabeça e nos últimos 10 anos tenho que lembrar-me que a frase não faz sentido algum e ajustar o meu plano de ação.

Acho que esta frase não faz sentido porque não acredito que a perfeição exista e, sendo assim, a pressa não tem como ser inimiga de algo que não existe.

Acredito que a razão pela qual os meus professores insistiam tanto nessa ideia é porque no mundo acadêmico é fácil ter a ilusão de perfeição. O professor ensina conteúdo específico sobre um determinado tópico, cria um teste com um certo número de perguntas sobre o tópico e a expectativa é de que o melhor estudante apareça como aquele que teve a melhor nota.

O estudante perfeito acaba sendo aquele que acertou todas as questões e teve 20 valores. O ambiente é organizado de forma meticulosa para garantir que as condições são as mesmas para todos. Os que realmente sabem ou têm interesse acabam tentando procurar a perfeição. Às vezes utilizando técnicas duvidosas(cábulas).

No mundo fora da escola, ou seja, no mundo real, raramente encontramos o tipo de ambiente similar ao que é criado na escola. Pelo contrário, nada é garantido, tudo muda muito rápido e o número de variáveis a considerar é impossível de calcular. Nessas condições, em vez de tentar ser perfeito, o importante é fazer, pois:

"Ações produzem informação" - Paul Graham.

Quanto mais informação, mais informação vai poder ajudar no processo de produzir mais ações. É um ciclo virtuoso que oferece a oportunidade de ser melhor a cada interação com base na informação que vamos adquirindo.

Decidi escrever isto nesta edição, porque já há algumas semanas que não publicava. E não porque não sabia o que escrever. Fiquei paralisado porque escrevia, mas por algum motivo achava que o que tinha escrito não era perfeito e, como resultado, não me sentia confortável em publicar. Honestamente, foi um erro. Primeiramente porque não cumpri com a promessa de enviar o email semanalmente. Em seguida, não me apercebi que ao procurar escrever o email com o conteúdo perfeito, desassociei-me do fato de que partilhar o que acho curioso e o que estou a pensar é a razão pela qual decidi começar a escrever esta newsletter.

Escrever é uma das melhores coisa que podes fazer por ti

Uma das coisas que menos gostava de fazer durante a minha infância e início da vida adulta era escrever. Na minha infância, provavelmente era pelo simples facto de ser extremamente cansativo escrever à mão. No início da minha vida adulta, escrever no computador era um pouco mais fácil, mas sempre achei entediante. Sempre pensei que fosse muito lento e não havia necessidade de escrever porque, na minha cabeça, o processo de escrever era com o objetivo de guardar a informação para ler depois.

A verdade é que escrever é realmente lento e, de certa forma, chato. Em outras circunstâncias, é extremamente intimidador. A ideia de abrir uma página em branco e começar a escrever dava-me sempre a impressão de que estava parado a olhar para uma parede muito alta, sem saber por onde começar para ultrapassar o obstáculo que está à minha frente.

Mesmo com todas essas dificuldades, ao longo dos anos aprendi a gostar de escrever, pois permite-me pensar de forma clara e cristalizar as ideias e emoções. Hoje em dia, sempre que tenho algum problema, ideia ou um sentimento não resolvido, escrever é a ação que surge como a ferramenta mais eficaz.

Existem 3 razões que me fazem escrever:

  1. O processo de tirar algo que estava na minha cabeça para um papel (físico ou digital) dá-me uma sensação de alívio ao transferir o problema, ideia ou emoção para um lugar diferente da minha mente.
  2. Ao escrever, consigo comunicar-me de forma objetiva. O processo força-me a focar nas ideias mais importantes e ajuda a filtrar algumas emoções que poderiam ser muito fortes se tivesse que comunicar a mesma coisa a falar. A interpretação da pessoa que está a ler a mensagem será baseada nas emoções e informações que ela tem, e qualquer expressão que eu teria de forma presencial não terá impacto na interpretação. (A NÃO SER QUE A PESSOA ACHE QUE ESTOU ZANGADO PORQUE ESCREVI EM CAPSLOCK)
  3. O processo ajuda-me a dissociar uma ideia ou emoção da pessoa que sou. Eu não sou uma pessoa zangada só porque estou a sentir uma emoção de zanga naquele momento.

Quando decidi que queria aprender a escrever, não sabia por onde começar. Em muitos sítios, a recomendação que recebia era abrir uma página e começar a escrever. Funcionava em alguns dias. Às vezes, parecia que tinha de usar todo o bloco de notas para escrever tudo o que tinha na minha cabeça; outros dias, a página em branco olhava de volta para mim por horas.

A minha prática mudou quando descobri um método chamado 1-1-1. De forma simples, o método consiste em dedicar 5 minutos no fim do dia para responder a 3 instruções:

  1. Uma vitória do dia
  2. Um motivo de stress ou ansiedade
  3. Um motivo de gratidão

Apesar de parecer simples, até hoje me surpreendo com o quão eficaz este método tem sido para me ajudar a escrever de forma consistente e o bom impacto que esta prática tem tido na minha vida.

Por muito tempo, escrevia num bloco de notas, mas como não é muito prático para mim andar com muitos blocos, decidi criar uma app especialmente para isso e gostaria de partilhar contigo.

A app está disponível na Google Play Store e, se tens um dispositivo Android, podes baixá-la aqui. Se utilizas um iPhone, podes registar o teu interesse utilizando este link.



Livro que estou a ler

Estou a ler o livro "The 12 Week Year".

A premissa do livro é que um dos maiores erros que cometemos é planear os 12 meses do ano seguinte durante o fim do ano atual.

Os autores defendem que esse tipo de planos são difíceis de seguir e agir porque são muito aspiracionais e difíceis de converter em táticas e ações do dia a dia que nos vão ajudar a atingir os objetivos que esperamos.

Como alternativa, os autores oferecem uma abordagem diferente que consiste em fazer apenas o importante a cada 12 semanas do ano. A ideia é ajudar a fazer mais das coisas que realmente são importantes.

Ha alguns dias terminei o meu plano. Em 12 semanas vou escrever uma edição para partilhar o que aprendi.



Obrigado ❤️

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