Atletas, Pilotos e o que têm para nos ensinar sobre os erros.


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Resumo da edição

  • As vezes os nossos oponentes nem sao tao bons como pensamos. Perdemos por causa dos nossos errors.
  • Procure perguntar sobre o “porque” antes de procurar saber sobre o “como”.
  • Se não és o melhor, não tente nem competir, faça isto.

Atletas, Pilotos e o que têm para nos ensinar sobre os erros

Sempre que acontece algo mau comigo, existe um momento que a minha cabeça tenta usar toda a sua força para procurar um culpado. Antigamente, vários suspeitos me passavam pela cabeça. Às vezes eram pessoas, às vezes eram ferramentas e outras até o meio ambiente.

No meio de todos esses suspeitos a única coisa que era consistente era o facto de que sempre me esquecia de um. Suspeito este que por sinal era o culpado na maior parte das vezes… Eu.

O fato de eu ser o culpado não significa que os outros fatores não tiveram influência no resultado da situação.

O problema estava em colocar muita ênfase nesses fatores externos como forma de absolver-me do facto de que os factores que eu posso controlar tem mais impacto do que eu queria aceitar.

Repetido várias vezes por um período de tempo suficientemente longo, o hábito de encontrar culpados acaba desenvolvendo uma identidade de vítima dentro de nós. Identidade esta que por experiência própria não tem nenhuma utilidade para além de nos levar para um caminho de infelicidade e tristeza.

Situações adversas sempre vão acontecer. Como forma de me lembrar esse facto,penso sempre na na Lei de Murphy que diz o seguinte:

“Se alguma coisa puder falhar, vai falhar”.

Partindo desse princípio, uma das formas de garantir que minimizo as chances de algo dar errado é em focar-me nas coisas que posso controlar. Especificamente controlar a quantidade de erros que cometo.

No mundo dos desportos, o tipo de erros a que me refiro são chamados de erros não forçados. São o tipo de erros que o único culpado somos nós ao invés das habilidades ou os esforços dos nossos oponentes.

Um exemplo que ilustra esse tipo de erros foi o jogo de basket ball nas olimpíadas entre os Estados Unidos da América e o Sudão. Em termos estatísticos e habilidades, a equipe dos Estados Unidos tinha as chances de ganhar do seu lado. A equipe do Sudão, mesmo sem ter as mesmas condições para se preparare e as habilidades que o seu oponente, fez menos erros no jogo e por uma pequena margem quase ganhou o jogo.

Ao nível pessoal, ao invés de uma outra equipa, na maior parte das vezes nós somos o nosso próprio oponente. E Para o nosso azar somos um oponente muito forte.

Imagina que és o líder de uma equipe e recebes o feedback do teu superior que explica que a tua performance está baixa, o teu nível de energia também e estes estão a ter impacto na tua equipe.

No momento, a reação pode ser de culpar o teu chefe, a carga de trabalho, ou pensar que um dos teus colegas te vendeu.

Na realidade se calhar a única coisa que faria com que o resultado fosse diferente seria a ação de escolher dormir mais cedo ao invés de ficar na televisão ou sair com amigos muito tarde de forma frequente.

Se calhar o facto de estares a dormir tarde faz com que comeces o dia a correr, que por sua vez acaba criando muita pressão e eventualmente te deixa cansado, estressado , e no fim procuras distrações que te vão levar a dormir tarde e repetir o ciclo.

Este é um pequeno exemplo mas existem muitas outras ações como estas que têm muito mais impacto na nossa vida do que queremos aceitar. Listar todas essas ações seria quase impossível. Para a mesma acao, havera uma pequena diferenca pelo facto de todos humanos serem unicamente especiais a sua maneira..


O que posso partilhar são algumas táticas que utilizo para evitar cometer erros que estão sobre o meu controle.

1. Criar checklists

Aprendi sobre o conceito de checklists quando aprendi a voar. De forma simples, um checklist é uma lista de coisas que têm que ser feitas para atingir um certo objetivo.

Sempre que ia ligar o avião, tinha de seguir o checklist passo a passo. O objetivo da checklist é garantir que os pilotos sejam consistentes e não se esqueçam de fazer uma ação que pode fazer a diferença entre vida ou morte.

Para criar uma checklist, o primeiro passo é identificar o objectivo final e de seguida fazer o caminho de volta para identificar quais são os passos necessários para atingir esse objectivo.

Quando a nossa filha nasceu, nós criamos um checklist com a rotina para ela dormir:

  1. Dar o jantar.
  2. Digestão enquanto preparamos a água.
  3. Verificar a temperatura da água.
  4. Dar o banho.
  5. Preparar o leite( Normalmente e a outra pessoa que não está a dar o banho)
  6. Vestir.
  7. Tomar leite a ler ( a parte de ler mudou porque já não fica quieta)
  8. Oração e colocar no berço.

2. Verificar o checklist quantas vezes for necessário

Várias vezes não seguimos a lista e o resultado foi que ela não dormiu a hora que deveria dormir. Um desses dias saltamos o passo do leite porque achamos que ela tinha comido muito no jantar. Depois de analisar nos apercebemos que ela na verdade usa o leite como uma forma de conforto antes de dormir e não porque está com fome. Foi um hábito que ela criou como resultado da nossa execução da checklist por muitos meses.

3. Melhorar a checklist

A última tática consiste em melhorar a lista. Para isso é preciso se perguntar constantemente se existe alguma forma de fazer algo melhor.

Quando nos apercebemos que ela tomava leite apenas por conforto, não retiramos o leite, simplesmente diminuímos a quantidade.
De forma similar, quando nos apercebemos que ela preferia brincar ao invés de ler um livro, cortamos o livro.

O importante é lembrar que a checklist vai ser sempre um trabalho em progresso para melhor servir a forma como atingimos um certo objectivo.
Um outro factor interessante sobre este conceito de checklists é o facto destes serem elementos que podem ser compostos.

Isto significa que para tarefas muito grandes podem ter um checklist composto por várias checklists dedicadas a uma pequena parte da tarefa.

Frase da semana

Foque no “porque” e não no “como” - Dario

Muitas vezes nos focamos em perguntar às pessoas sobre como atingiram algo porque queremos saber sobre as táticas para que possamos replicar e também atingir o mesmo objetivo.

O maior problema é perguntar sobre táticas é que estas costumam ser uma parte incompleta da informação.

Saber como alguém fez uma certa coisa não significa que utilizando exatamente a mesma fórmula também vamos atingir o mesmo objetivo. Por mais que exista a sorte de conseguir algo próximo, existe também a chance de nos apercebermos que não é o que queríamos.

Por esse motivo, a melhor pergunta a fazer é sobre o porquê a pessoa decidiu fazer a coisa que te interessa. A resposta a essa pergunta vai oferecer não só as táticas mais informação adicional como o que faz com que as pessoas não desistissem no momento que o processo ficou difícil.


Dica: Não entre na competição se não tens chances de ganhar

Eu cresci a aprender que o importante era participar da competição. As vezes mesmo sabendo que as chances de ganhar eram mínimas. Hoje em dia me apercebo que esse é um dos piores conselhos que recebi e que definitivamente não gostaria de passar para as minhas futuras gerações. Até lá, vou me contentar em garantir que também não segues.

Como escrevi numa das edições anteriores, a vida é uma série de jogos. E como todos os jogos existem pessoas que tem sempre uma vantagem. Talento, uma certa diferença física ou até o contacto de alguém que lhe pode ajudar.

Uma das razões pelas quais somos infelizes é pelo facto de não aceitarmos que estas vantagens existem e achar que todos jogos vão ser justos.

Quanto mais rápido aceitamos que estas vantagens existem e que nada é completamente justo, uma nova porta vai se abrir.

Esta porta vai apresentar a coragem de começar a perguntar quais são as vantagens que temos ou que podemos criar. Ao identificar essas vantagens, podemos de seguida identificar quais são os jogos que melhor se encaixam as nossas novas habilidades e consequentemente garantir que aumentamos as chances de ganhar.

Na altura que estava em Moçambique a terminar a faculdade, todos queriam trabalhar nos bancos, focar-se na área de telecomunicações ou no desenvolvimento de sistemas para computadores. Existem pessoas extremamente competentes e muito melhores que eu(incluindo na minha turma da faculdade) em todas essas áreas.

Porque sabia que não tinha como competir, decidi criar uma categoria para mim e me foquei em aprender a fazer aplicativos para dispositivos Android. Não tive de competir com ninguém e consegui me destacar na altura.

Ao nivel internacional, existem desenvolvedores de aplicativos para Android muito melhores que eu. Como forma de jogar de forma diferente, decidi usar o facto de falar portugues para criar conteúdo a ensinar outras pessoas. Mais uma vez esta pequena diferença se me deu vantagens e me ofereceu a oportunidade de eventualmente continuar a minha carrreira fora do país.

Todas as pessoas tem uma vantagem em pelo menos um tipo de jogo. Procure as tuas vantagens e vá buscar o que realmente mereces.


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