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Bem vindo ao ABCDARIO!. Este é um newsletter semanal onde partilho ideas que me ajudam a agir de forma intencional e espero que também te ajudem a construir uma vida rica, saudável e de alto desempenho.
Resumo da edição
- O princípio que está a mudar a forma como faco as coisas
- Frase: Não tens como mudar o passado.
- Dica: Um truque que pode te ajudar a guardar dinheiro.
Correr devagar para correr rápido
Quando comecei a correr tinha apenas um objectivo, transformar o meu corpo. Queria especificamente perder peso e tonificar os meus músculos. Apesar de não ser como tinha imaginado, começo a ver mudanças significativas no meu corpo e surpreendentemente também na minha mente.
Uma das mudanças que me chamou atenção foi o facto de ter aprendido a ficar mais confortável com os meus pensamentos. No início, correr longas distâncias só era possível acompanhado de um podcast, música ou um Áudio Book. Hoje em dia é o oposto, por mais que comece a escutar algo, rapidamente sinto a vontade de parar o upload de informação para a minha cabeça em troca do som das minhas sapatilhas a cada passo que dou e dos momentos de silêncio na mente que me criam a impressão que o mundo parou.
Hoje em dia, sempre que saio para correr, aprecio cada vez mais estes momentos de silêncio. É neste silêncio que consigo ultrapassar a ansiedade que às vezes sinto durante o dia ou encontrar o espaço para processar algo que aprendi e gerar novas ideias.
Um dos melhores aprendizados que internalizei durante um desses momentos é a ideia de que para correr rápido é preciso aprender a correr devagar.
Tenho o objetivo de correr uma meia maratona em 1h e 44 minutos em Setembro. Escolhi esse tempo porque achei que seria um bom tempo depois de fazer a mesma distância em 2 horas. Como o objetivo é correr mais rápido, comecei o plano de treino de forma agressiva. O meu treinador e relógio me davam um certo tempo e passo e eu decidia ir muito além do que o necessário.
No início, realmente senti grandes melhorias no meu condicionamento físico. Mas não demorou até que em algumas semanas não só estava com o corpo cansado como também acabei tendo uma lesão no joelho esquerdo que fez com que não conseguisse correr por mais de 3 kms durante quase 1 mês.
Após ler sobre a lesão, aprendi que a razão pela qual me encontrava naquela situação era porque a forma como os meus pés pisavam o chão estava a criar muita pressão nas minhas pernas e joelhos. O problema só agravou-se pelo facto de estar a tentar correr muito rápido e pelo facto de ser pesado (😅).
Durante o processo de recuperação, decidi que iria experimentar seguir o conselho do meu treinador logo que voltasse a treinar. Ao recomeçar o treino, comecei a seguir o plano à risca.
O plano sempre foi simples:
A maior parte do treino consiste em corridas muito fáceis e leves, e apenas uma pequena parte se foca em corridas rápidas e muito difíceis.
O erro que cometi da primeira vez foi não me aperceber que as corridas longas e fáceis eram a minha oportunidade de aprender a controlar cada aspecto do processo. Foi nas corridas longas que aprendi a controlar a respiração, que ensinei o meu corpo a correr por mais tempo sem esforçar o coração, e que aprendi a forma certa de pisar o chão.
Cada movimento é feito de forma mais lenta e intencional. O objetivo é gradualmente refinar a técnica e o corpo para o momento que será necessário ter uma alta performance.
Depois de um mês sem dar muita confiança no processo tive de correr a um certo passo rápido. Fiquei surpreendido ao notar que o tinha feito muito bem e sem os efeitos negativos que colhi da outra vez.
No mundo da corrida, a ideia é de correr devagar para correr rápido, mas esta ideia é conhecida em outras áreas como o princípio de 80/20.
“80% dos resultados que temos , são devido a apenas 20% das ações que tomamos” - Vilfredo Pareto.
Entender este princípio é particularmente importante para pessoas como nós. Se estás a ler este texto, provavelmente identificas com alguém que quer saber, fazer e ter mais. Infelizmente essas características de pessoas ambiciosas vem acompanhadas da tendência de achar que para obter mais é preciso fazer mais.
Como resultado, o foco em fazer mais acaba tirando o foco das outras coisas importantes que temos na nossa vida como o tempo com família e em muitos casos cuidar da próxima saúde.
Colocar este princípio em prática é simples mas não é fácil. É contra intuitivo ao que crescemos a acreditar e doloroso pois os resultados não são imediatos.
Imagina que estás à procura de um emprego. Sem usar o princípio, utilizamos a estratégia utilizada por muitas pessoas de submeter a candidatura para o maior número de empresas possível.
Apesar de existir a chance de encontrar um emprego, também aumentam as chances de que vais encontrar um emprego abusivo ou que pode não ser o melhor para ti por vários motivos.
Usando o princípio, a melhor estratégia seria em levar um tempo para pensar quais são os teus pontos fortes e habilidades, como é que estes podem ser úteis no mercado de trabalho e quais são as empresas que teriam maior compatibilidade com o que queres. O passo a seguir seria procurar formas demonstrar como colocaste as tuas habilidades em prática e quais foram os resultados. Só no fim, irias te candidatar para a lista de empresas que definimos anteriormente.
Seguir este princípio não significa que serias contratado. Significa que terias feito o trabalho necessário para gerar resultados com impacto que é múltiplas vezes o esforço feito. Neste caso poderias não ganhar um simples emprego mas um emprego que te oferece uma boa remuneração, um ambiente que se enquadra com o que procuras e te dá a oportunidade de fazer diferença.
Se olhares para o passado de forma intencional, vais notar que já utilizaste este princípio de forma inconsciente. Para situações futuras, podes começar por olhar paras situações do passado e tentar perceber quais foram as ações que mais tiveram impacto e porque.
Se não consegues identificar nenhuma instância do teu passado. Procure olhar de forma atenta para as pessoas que fazem o que queres fazer ao mais alto nível.
Vais notar que apesar de estarem a fazer algo extremamente difícil, aparentam não estar a fazer esforço algum.
Veja este vídeo do Euid Kipchoge a correr.
Frase
“Quando as pessoas viajam para o passado, pensam em fazer pequenas mudanças que iriam alterar radicalmente o seu presente.
Poucas pessoas pensam que a forma como elas podem alterar o futuro de forma radical é ao fazer pequenas ações no presente” - Sahil Bloom